Brasília | Jair Bolsonaro não fez falta , fez foi um favor não ter comparecido para passar a faixa

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) subiu a rampa do Palácio do Planalto, em Brasília, para receber a faixa presidencial, acompanhado da vira-lata Resistência, adotada pela primeira-dama, Rosângela Lula da Silva, a Janja, e de um grupo formado por integrantes da sociedade civil.

O antecessor, Jair Bolsonaro (PL), se recusou a passar a faixa. É unânime dizer que foi muito melhor não ter ido. Tanto pelo constrangimento pelo qual passaria, cercado de adversários e de uma massa militante que foi ver quem recebia, e não quem deixava, quanto pela simbologia montada para o momento.

Não há quem tenha juízo e sensibilidade que não tenha se emocionado com as presenças da criança Francisco, da catadora Aline Sousa, do Cacique Raoni do metalúrgico Weslley Viesba Rodrigues, do professor Murilo de Quadros Jesus, da cozinheira Jucimara Fausto dos Santos, do influencer na luta anticapacitista Ivan Baron do artesão e Flávio Pereira. O simbolismo de que o poder emana do povo teve sua mais bela representação..

Não há governo perfeito. No caso de Lula, terá que ter um compromisso inegociável com o combate à corrupção, um dos alvos do ciclo do PT no poder, além dos avanços sociais com os quais teve forte associação.

Para o jornalismo, ao menos as coisas voltam a um lugar de civilidade democrática. Não há como negar no semblante, falas e olhares dos jornalistas que se dedicaram a horas de transmissão nos principais veículos.

Criticar, questionar, cobrar é parte da matéria prima do jornalismo. Onde o jornalismo profissional é forte, ganha a democracia. Costumo dizer que vim ao mundo para apontar o que existe de errado, pois o que anda bem, certo está. Problema é que nunca fomos tão intimidados, questionados, ameaçados, confrontados, desrespeitados e até humilhados, como jornalistas no cercadinho, por exercer nosso papel nos últimos quatro anos, como nos anteriores, sempre que o PT  errou na sua condução. Assim, o jornalismo está aliviado por poder voltar a ser respeitado. E o cidadão esperando que, dada a emoção da posse, a esperança ganhe forma, se materialize na evolução de uma sociedade tão desigual.  Por tudo isso, ontem, Jair não fez falta…