Sebastián Piñera, ex-presidente do Chile, morre aos 74 anos em acidente de helicóptero

Presidente do Chile por dois mandatos (de 2010 a 2014 e de 2018 a 2022), Sebastián Piñera, de 74 anos, morreu em um acidente de helicóptero nesta terça-feira (6), segundo o Ministério do Interior do governo chileno.

O acidente aconteceu na cidade de Lago Ranco, na região central do Chile. O jornal “La Tercera” afirma que o ex-presidente estava pilotando o helicóptero e levava outras três pessoas. Os quatro estavam voltando de uma visita a um amigo de Piñera, José Cox. A aeronave caiu em um lago.

De acordo com o jornal, três pessoas foram encontradas vivas pelas equipes de emergência. Duas delas conseguiram nadar até a margem, e a terceira foi resgatada na água.

Quando os socorristas chegaram, a aeronave já estava submersa nas águas do lago. De acordo com notícias da midia latino-americana, o ex-presidente Piñera não conseguiu tirar o cinto de segurança. O corpo dele foi resgatado da água e levado por uma lancha até a margem.

O governo do Chile declarou três dias de luto oficial e afirmou que a cerimônia de velório, na sexta-feira, terá as honrarias oficiais.

Dois mandatos

Piñera foi presidente do Chile pela primeira vez em 2010. Ao ser eleito, ele acabou com a hegemonia da centro esquerda no país, que havia dominado a política chilena desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet (de 1973 a 1990).

Em seu primeiro mandato, entre 2010 e 2014, ele tentou ser um presidente da direita democrática: ele chamou os defensores da ditadura de Pinochet de “cúmplices passivos” e fechou uma prisão especial que abrigava violadores dos direitos humanos.

Ele era o presidente do país quando 33 mineiros ficaram soterrados e resgatados com vida depois de 69 dias.

Em seu segundo governo, entre 2018 e 2022, ele tentou se firmar como um líder regional à frente de um país que definiu como “um oásis” na América Latina.

Durante seu segundo mandato, houve uma onda de agitação social no país que é considerada a mais significativa desde a volta da democracia. Em uma das manifestações, cerca de 1 milhão de pessoas foi às ruas para protestar contra o governo dele. Piñera não conseguiu recuperar sua popularidade. As informações são do g1.

Brasileiros cruzam a fronteira de Gaza com o Egito

Depois de um mês de agonia, um grupo de 32 brasileiros que aguardava repatriação em Gaza conseguiu cruzar a fronteira com o Egito, pelo Portal de Rafah. Eles fizeram a passagem no início da manhã deste domingo (12), de acordo com postagem do Itamaraty na rede social X (antigo twitter) às 05h41. De Rafah, os brasileiros farão um trajeto rodoviário de seis horas até o Cairo, onde dormem esta noite.

A aeronave VC2, da Presidência da República, aguarda o grupo na capital egípcia para iniciar o décimo voo de repatriação de brasileiros desde o início da crise no Oriente Médio. A decolagem está prevista para a manhã de segunda-feira (13). Duas pessoas do grupo que constavam da lista original desistiram da repatriação e decidiram permanecer em Gaza.

Para o sucesso do resgate, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o corpo diplomático se envolveram diretamente nas negociações com as autoridades israelenses, palestinas e egípcias. Na chegada dos repatriados ao Brasil, o governo federal tem uma operação de acolhimento preparada, que vai oferecer serviços de abrigo, documentação, alimentação, apoio psicológico, cuidados médicos e imunização.

O secretário nacional de Justiça do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Augusto de Arruda Botelho, informou que alguns repatriados têm familiares no Brasil, enquanto outros serão acolhidos em um local no interior de São Paulo, disponibilizado pelo governo.

Durante o período em Gaza, os brasileiros receberam apoio diário do corpo diplomático, que garantiu recursos essenciais e alertou a localização do grupo às autoridades israelenses na tentativa de evitar ataques miltiares nas áreas. Ainda assim, prédios próximos aos abrigos chegaram a ser bombardeados.

Quem são os 32 brasileiros?

22 brasileiros de nascimento
7 palestinos naturalizados brasileiros
3 palestinos familiares próximos
17 crianças
9 mulheres
6 homens

 

Para secretário-geral da ONU, Gaza está virando “cemitério de criança”

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, disse nesta segunda-feira (6) que a proteção aos civis “deve ser fundamental” no conflito entre Israel e militantes palestinos do Hamas, alertando que a Faixa de Gaza está se tornando um “cemitério de crianças”.

“Precisamos agir agora e encontrar uma porta de saída para este beco de destruição brutal, horrível e agonizante”, afirmou, pedindo novamente por um cessar-fogo humanitário imediato.

Israel prometeu eliminar o Hamas, que governa a Faixa de Gaza, depois de militantes terem assassinado 1,4 mil pessoas e levado mais de 240 reféns, em um ataque no dia 7 de outubro. Israel tem contra atacado o enclave pelo ar, impôs um cerco à região e lançou uma incursão por terra. Autoridades de saúde palestinas afirmaram que o número de mortos em Gaza já ultrapassa os 10 mil.

“Gaza está se tornando um cemitério de crianças. Centenas de meninas e meninos estão sendo mortos ou feridos todos os dias, de acordo com relatos”, disse Guterres.

Ele afirmou que claras violações à lei humanitária internacional estão sendo cometidas. Guterres disse que a ONU precisa de US$ 1,2 bilhão para entregar ajuda humanitária a 2,7 milhões de pessoas na Faixa de Gaza e na Cisjordânia.

“As operações em solo das Forças de Defesa de Israel e a continuação dos bombardeios estão atingindo civis, hospitais, campos de refugiados, mesquitas, igrejas e instalações da ONU, incluindo abrigos. Ninguém está a salvo”, disse ele a repórteres.

“Ao mesmo tempo, o Hamas e outros militantes usam civis como escudos humanos e continuam lançando foguetes indiscriminadamente em direção a Israel.”

Guterres afirmou que 89 pessoas trabalhando para a agência de refugiados palestinos da ONU morreram em Gaza, o que ele descreveu como o maior número de mortes de membros da entidade, “maior do que qualquer período comparado da história da nossa organização”.

Caminhões com ajuda humanitária têm entrado em Gaza pelo Egito, via Rafah, o principal posto fronteiriço que não é controlado por Israel. Mas autoridades da ONU têm dito repetidamente que tal auxílio é insuficiente para a população civil de Gaza, de cerca de 2,3 milhões de pessoas, sendo que mais de um milhão delas ficaram desabrigadas por causa dos ataques aéreos.

“A pequena ajuda não dá conta do oceano de necessidades”, disse Guterres. “A passagem de Rafah por si só não tem capacidade para processar caminhões de ajuda humanitária na escala necessária.”

Ele afirmou que pouco mais de 400 veículos entraram em Gaza ao longo das últimas duas semanas, em comparação com os 500 no dia anterior ao conflito. Os números não incluem fretes de combustível.

Número de palestinos mortos em Gaza chega a 3.785, informa ministério

Pelo menos 3.785 palestinos morreram em decorrência de ataques israelenses desde o início do conflito entre Hamas e Israel, em 7 de outubro. Do total, 1.524 são crianças, mil mulheres e 120 idosos. Há ainda 12.493 pessoas feridas, sendo 3.983 crianças e 3.300 mulheres. O balanço foi divulgado nesta quinta-feira (19) pelo Ministério da Saúde de Gaza.  

A pasta informou ainda que 44 profissionais de saúde foram mortos e 70 ficaram feridos em meio a ataques a hospitais e centros de referência no atendimento a pacientes.

“Forças israelenses parecem ter deliberadamente atacado 23 ambulâncias que agora estão completamente fora de serviço.”

“Dezenove unidades de saúde foram direta ou indiretamente visadas, forçando a interrupção do trabalho em 14 centros de saúde afiliados ao sistema de cuidados primários do Ministério da Saúde na Faixa de Gaza. Todas as instalações de saúde correm o risco de paralisação total devido a cortes de energia e à grave escassez de combustível.”

Moradora de Gaza diz que condições pioraram nos últimos dias

A palestina Huda Al-Assar morou por muitos anos no Brasil e hoje vive na Faixa de Gaza com a família, formada por quatro filhos e os netos. Em entrevista à Agência Brasil nesta segunda-feira (16), ela afirmou que a família segue bem, mas que as condições pioraram muito nos últimos dias devido à falta de água, de eletricidade e aos bombardeios.

Desde o início da semana passada, Israel bombardeia a região em resposta ao ataque que sofreu no último dia 7. Na ocasião, o grupo islâmico Hamas, que controla Gaza, entrou em território israelense, invadiu uma festa eletrônica e matou centenas de civis a tiros.

Apesar do cenário de destruição, Huda diz que vai ficar ao lado seu povo. “Não pretendo sair de minha casa”.

Huda é professora de matemática formada no Brasil, para onde foi na condição de refugiada após o início da Guerra do Golfo, em 2001, quando vivia nos Emirados Árabes Unidos. Ele viveu por quase 15 anos no Brasil, até que voltou para a Palestina, em 2006, após 21 anos sem pisar na sua terra natal.

Ela relatou que muitas casas e edifícios foram destruídos, o que tem lotado as residências ainda não atingidas.

“As casas e os edifícios não mantêm só os moradores deles, não. Meu edifício tem três andares e três famílias, nenhum passava de 20 pessoas cada. Hoje, meu edifício agora tem mais de 60 ou 70 pessoas [por residência] porque cada um que perde a casa a gente tem que mandá-lo vir. Então, hoje a situação está muito difícil e a destruição é enorme”, relatou.

A professora palestina contou ainda que a cada edifício derrubado morrem muitas pessoas e as demais ou vão para os hospitais ou ficam presos embaixo dos escombros. “Infelizmente, a gente não tem nem material para tirar pedras. Então, as pessoas ficam dois ou três dias embaixo das pedras e morrem sozinhas”, explicou.

Ela contou que, até o momento, as bombas apenas destruíram os vidros das janelas onde mora. “Se a gente vai continuar dentro da casa ou vão mandar a gente sair, eu não sei. Se a gente vai ser bombardeado dentro de nossas casas, eu também não sei. A gente nem imagina o que pode acontecer daqui a pouco. Essa é a situação de todo mundo na Faixa de Gaza”, explicou.

A brasileira filha de palestinos Ruayda Rabah, de 56 anos, que vive na Cisjordânia, também na Palestina, têm mantido contato com Huda pelo menos desde 2014, época de outro ataque de Israel contra Gaza.

Ruyada nasceu no Brasil após seus pais deixarem a Palestina devido aos conflitos com os israelenses. Em 1999, já formada e grávida do primeiro filho, decidiu retornar à Cisjordânia, onde vive até hoje com o marido e o filho. Ela lamenta não poder fazer muito pela amiga quando ocorre um ataque em Gaza.

“Sempre quando acontece alguma coisa lá ela me liga pedindo ajuda e socorro. Mas, infelizmente, o que a gente pode fazer é denunciar e pedir para que alguém no Brasil denuncie”, afirmou.

Oriente Médio: conflito tirou ao menos 200 mil palestinos de casa

Ao menos 200 mil palestinos deixaram suas casas e comunidades tentando escapar das consequências da contraofensiva de Israel contra o grupo Hamas na Faixa de Gaza, no Oriente Médio.

Segundo o Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (Ocha), o número de palestinos deslocados pela reação militar israelita ao ataque terrorista que o Hamas cometeu no último sábado (7) já representa quase 10% dos cerca de 2,2 milhões de pessoas que vivem em Gaza – um estreito pedaço de terra de cerca de 41 quilômetros de comprimento por 10 quilômetros de largura, banhada pelo Mar Mediterrâneo e controlada pelo Hamas.

“A maioria deles está abrigada em escolas da Unrwa [Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Próximo Oriente]”, afirmou a coordenadora humanitária para o território palestino ocupado, Lynn Hastings, nesta terça-feira (10).

Segundo Lynn, “a magnitude das hostilidades em curso levou a graves consequências humanitárias”. “Casas, escolas, instalações médicas e outras infraestruturas foram danificadas e destruídas”. Lynn Hastings conta que pelo menos duas escolas da Unrwa foram danificadas por ataques aéreos, “e o número de pessoas afetadas deve aumentar.”

“As Nações Unidas e os seus parceiros humanitários no território palestino ocupado estão trabalhando para satisfazer necessidades urgentes, em particular abrigo, em circunstâncias perigosas. Contudo, o acesso do pessoal humanitário e o fornecimento a Gaza foi cortado, enquanto a intensidade das hostilidades está limitando a capacidade do pessoal para prestar ajuda”, acrescentou Lynn, demandando às partes envolvidas no conflito que respeitem e cumpram o direito humanitário internacional.

“Todos os grupos militares e armados devem respeitar os princípios de distinção, proporcionalidade e precaução na condução das suas operações. Os civis, especialmente as crianças; as instalações médicas; o pessoal humanitário; os profissionais de saúde e os jornalistas devem ser protegidos. Os civis capturados devem ser libertados imediata e incondicionalmente e qualquer pessoa capturada ou detida, incluindo combatentes, deve ser tratada com humanidade e dignidade. Todos os intervenientes [participantes] relevantes [do confronto bélico] devem permitir que as equipes e os bens humanitários cheguem de forma imediata e segura às centenas de milhares de pessoas necessitadas”, rogou a coordenadora humanitária.

Até a manhã desta terça-feira, as autoridades israelitas afirmavam já ter registrado mais de 900 mortos e 2,7 mil feridos pela ofensiva do Hamas. No sábado, grupos armados infiltraram-se em Israel, por terra, matando e fazendo civis e militares israelitas de reféns enquanto, simultaneamente, bombardeavam o território israelense. Em resposta, o governo de Israel declarou guerra e passou atacar Gaza, uma das regiões mais densamente povoadas do mundo. Segundo o Hamas, ao menos 680 palestinos já morreram e 3.700 foram feridos pela contraofensiva israelense. Os números, contudo, seguem sendo atualizados a todo instante, dos dois lados.

Zelensky aceita convite de reunião com Lula, diz Planalto

O presidente Lula (PT) ofereceu e o ucraniano Volodymyr Zelensky aceitou um encontro presencial entre os dois em Nova York. A agenda está marcada para a tarde de quarta-feira (20) após o brasileiro se encontrar com o americano Joe Biden, segundo uma fonte do Planalto informou ao blog da Julia Duailibi.

Caso ocorra, esta será a primeira reunião a sós entre Lula e Zelensky. Os líderes do Brasil e da Ucrânia chegaram a conversar por telefone em março. Em maio, o ucraniano tentou se encontrar com Lula durante a cúpula do G7 no Japão, mas o governo brasileiro alegou que problemas de agenda impediram a reunião.

O local para o encontro é o hotel em que Lula está hospedado em Nova York, onde participa da Assembleia Geral da ONU. No domingo (17), o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), que integra a comitiva de Lula nos Estados Unidos, confirmou a disponibilidade de espaço na agenda para o encontro. A novidade, agora, é tanto a oferta de Lula quanto o ‘sim’ de Zelensky para o encontro na quarta-feira à tarde.